Natal na Champs-Elysées


Ontem foi dia 24 de dezembro e pela primeira vez na minha vida eu não passei a noite de Natal em casa, ou com a família, ou no meu país. E o resultado foi: farofa na Champs-Elysées. Ou melhor, nem farofa teve porque não tinha comida. Ha!

Decoração da Champs-Elysées para o Natal 2014. Foto por mim mesma.

Tudo começou quando um casal de amigos brasileiros que conheci aqui, a Maria Júlia e o Douglas, e eu nos demos conta de que não seria possível fazermos uma ceia de Natal no apartamento de nenhuma das pessoas envolvidas (incluindo pais e amigos deles) porque moramos em mini-apartamentos ou então apartamentos sem mesa, com mesa pequena, sem pia da cozinha etc. Aí começamos a nos indagar onde diachos íamos passar o Natal. Não queríamos fazer reserva em algum restaurante porque íamos gastar todo o salário de um mês em um jantar e além do mais já estava em cima da hora. Até que Maju saiu com a ideia de passarmos na famosa, épica, ostentação, Avenue de Champs-Elysées, no Marché de Noël (Mercado de Natal) que fica montado lá nesta época do ano, cheio de barracas de crepe de Nutella, queijos, churros, vinho quente e outras delícias. Com uma pesquisa o Google, vimos que o mercado supostamente estaria aberto até as 23h. Levaríamos vinho e algum petisco e tudo estaria bem.

Morar Sozinha: As 1001 Idas ao Supermercado


Chega uma época da vida em que todo mundo quer sair de casa e morar sozinho, ter seu apê, seu emprego, ser dono do próprio nariz. Aí um dia você resolve fazer um mestrado na França e tem a oportunidade de sentir na pele o que é morar sozinho. Eu estou passando por essa fase agora e digo uma coisa: não é nada fácil. Tem suas vantagens, é claro, que são inegáveis, e a principal delas é a tão famosa e desejada liberdade. Arrumar o apê como você quiser, comer o que quiser, limpar quando (e se) quiser, poder ir onde e quando quiser sem ter que dar explicações a ninguém ou sequer dizer aonde vai. Mas aí entra a outra questão: morar sozinho significa que você também vai ter que cuidar de todo o funcionamento de uma casa (apartamento) sozinho e isso pode virar uma grande bola de neve.

Para começar, o supermercado tem que virar seu melhor amigo. Você tem que conhecê-lo como a palma da sua mão, porque você vai ao bendito todos os dias e SEMPRE vai estar faltando alguma coisa. Tem que comprar comida (e muuuita comida), produtos de limpeza e higiene e, acredite, TODO DIA vai ter alguma coisa para comprar que você não pode deixar para o dia seguinte. Você também vai ter que carregar sozinho (e no meu caso, a pé/de metrô) as bolsas de compras, que tem o dom de ficarem mais pesadas a cada passo que você dá. E isso vai acontecer mesmo nos dias em que você ficou o dia inteiro no trabalho ou na faculdade e ainda precisa passar no supermercado, apesar de estar morto de cansado. Não falo nem dos dias em que tenho que ir duas vezes ou a dois ou três diferentes (ou Picard) porque preciso de coisas que tem em um e não no outro. E eu que sempre dizia pra minha mãe que ela ia ao mercado todo dia e não tinha necessidade disso e mimimi.

O "job étudiant": arrumando um emprego na Cidade das Luzes


Quem é vivo sempre aparece! Depois de um longo tempo sem postar, cá estou novamente para mais uma história da vida em Paris.

Acontece que um estudante sem bolsa e sem uma condição financeira confortável precisa arrumar um emprego para ajudar nas despesas que começam a chover assim que você põe o pé no aeroporto Charles de Gaulle. Claro que os estudantes que não precisam do emprego podem querer um, já que é uma grande experiência de qualquer forma, mas no meu caso eu precisava loucamente de um trabalho o mais rápido possível. E aí, como arrumar um?
Spoiler sobre a conclusão do post
Aqui em Paris, assim como em muitos outros lugares, os estudantes trabalham principalmente como babás, ou então como vendedores, recepcionistas, garçons etc. O emprego precisa ser em tempo parcial, já que no visto está especificado que você só pode trabalhar até 60% da durée légale, que é a jornada de trabalho do francês, de 35 horas. Ou seja, você só pode trabalhar em torno de 21 horas por semana.

A Marina, minha professora de francês que também fez o Master aqui e que me deu todas as dicas, tinha me dito que em Paris os estudantes trabalham mesmo é como babá (baby-sitter [se lê "baby-sittér" na pronúncia francesa]) porque é um emprego muito fácil de encontrar, você trabalha só algumas horas por semana, o salário costuma ser bom e o trabalho, tranquilo. Eu, na contramão, não queria trabalhar de babá de jeito nenhum porque eu simplesmente não tenho muito jeito com crianças e nem muita experiência com elas. Sentia que era uma responsabilidade grande demais pra mim cuidar dos filhos de alguém sem nenhum preparo para isso. Aí eu decidi tentar outras coisas.

Lavando roupa em Paris


Aí chega aquela hora que ninguém pensa enquanto está se imaginando tomando champanhe na sacada do hotel com vista para a Torre Eiffel: a hora de lavar a roupa suja. Pois é, a gente vai usando e usando e uma pilha enorme vai se formando na cesta de roupas do banheiro até que você abre o armário e está praticamente vazio, sem roupa limpa para usar.

Aqui em Paris, a maioria dos studios, os pequenos (e mais baratos) apartamentos para uma ou duas pessoas não tem máquina de lavar nem varal, o que significa que temos que usar as chamadas laveries libre service. Tem várias espalhadas pela cidade, é só jogar no Google e encontrar a mais próxima de você. Só que uma outra coisa que ninguém imagina é a aventura que pode se tornar sua simples ida à lavanderia. Vou contar a minha.

Depois de achar a laverie libre service mais próxima da minha casa, eu coloquei aquele monte de roupa, lençóis e toalhas na bolsa do supermercado e fui. Já começa por aí. O peso absurdo de quilos de roupa que você tem que carregar. Chegando lá, tinha algumas pessoas, mas ainda havia algumas máquinas vazias. A minha sorte é que eu tinha lido uns posts na internet sobre o uso dessas lavanderias "self-service" e já tinha uma ideia de como é o processo, mas ainda assim não foi muito fácil. A ideia é a seguinte:


- Você encontra uma máquina vazia e coloca todas as suas roupas lá dentro. Em seguida, acerte a temperatura da lavagem. Quanto maior a temperatura, mais tempo de lavagem. Eu coloco sempre entre 30 e 40 graus (porque demora menos tempo... hehehe), mas não faço a mínima se é a temperatura correta. Eles tem um cartaz explicando qual a temperatura para cada tipo de roupa, os nomes dos ciclos de lavagem e tecidos e coisa e tal e eu não entendo nada. Atenção com as cores, nada de misturar preto, branco, vermelho, a não ser que você tenha certeza de que aquelas roupas em especial não soltam tinta durante a lavagem. Para mim é um drama porque eu tenho uma peça de cada cor e tudo solta tinta. Aí o jeito foi fazer uma separação dos pretos/jeans escuros; brancos/cores claras/não solta tinta, para fazer duas lavagens. O resto vai na mão mesmo. Comprei um sabão, montei um esquema e peças que são uma de cada cor e a roupa íntima eu lavo na mão em casa e penduro pra secar por todo o apartamento. Fica uma beleza. Só que não.

A novela do microondas quebrado


Ufa! Depois de uma semana muito louca no emprego novo e na faculdade nova estou de volta para contar mais um causo da minha vida em Paris.

Aconteceu que uma semana depois da minha chegada ao novo apartamento, o microondas simplesmente parou de funcionar. Pois é. Um belo dia, eu coloquei minha jantinha da Picard para esquentar, morrendo de fome, e quando tirei a caixinha do microondas, estava tudo congelado do jeito que eu havia colocado lá dentro. Um pânico que acho que nunca tinha sentido igual se instaurou dentro de mim. O QUE EU IA FAZER DA MINHA VIDA SEM UM MICROONDAS?? Este pequeno eletrodoméstico é o centro da minha vida doméstica. Eu não tinha/tenho nada em casa para cozinhar, nada mesmo, eram quase onze da noite, eu estava cheia de fome e não tinha o que comer. Então em meio aquele sofrimento eu fiz um sanduíche de pão de forma e blanc de poulet (aquelas fatias de algo que não se o nome e que vem em bandejas no Brasil, só que de frango), um Nesquick e fui dormir, com o estômago insatisfeito. No dia seguinte, começou a saga do microondas.

Liguei para a representante da dona do meu apartamento (a dona mesmo mora em Londres e me disse que se eu precisasse de algo que era melhor ligar para a representante primeiro porque ela estaria por perto) e disse que o bendito havia quebrado. Aí o que ela fez? Me mandou ligar para a dona do apartamento! Disse que não poderia resolver nada sem falar com a dona primeiro. Tá, né, então qual o sentido de ligar para ela? Enfim. Aí lá fui eu comprar créditos de Skype e ligar para o celular da dona do apê em Londres. Eu só consegui falar com ela naquele dia à tarde e já estava há mais de 24h sem uma refeição de verdade (o almoço tinha sido um panini da minha lanchonete amiga aqui perto) e super estressada porque ninguém me atendia e ninguém me ajudava. Então ela me disse: "eu vou comprar um microondas e mandar pra você" e uma sirene soou na minha cabeça, me fazendo responder: "mas eu preciso dele tipo hoje, eu preciso comer!" (disse exatamente isso só que de forma educada) e ela disse que eu podia comprar um microondas e depois descontar do aluguel. OK. Na hora, fiz uma pesquisa no site da loja de eletrodomésticos chamada Darty e vi uns microondas a 59 euros. Corri nas duas lojas da Darty aqui perto, uma na rue de Rivoli e outra no shopping Le Forum des Halles, passei os preços dos disponíveis para a dona do apê por telefone, ela disse "compra!" e eu decidi comprar na loja do shopping.

Darty Les Halles

Os insetos (!!!) no apartamento


Logo no meu primeiro despertar no apartamento, tive uma desagradável surpresa. Insetos. Insetos estranhos, nojentos, moles, brilhantes, que corriam loucamente pelo chão, e tinha vários deles na banheira, e alguns pipocando pelos cantos. Entrei em desespero. Como assim insetos em Paris? Eu não conseguia acreditar. Quer dizer, é óbvio que eu sabia que existem insetos em Paris, mas sabe aquela coisa que não passa pela sua cabeça?

No dia seguinte, a representante da dona do apartamento bateu à minha porta de manhã, do nada, para me avisar que eu tinha esquecido a chave do lado de fora da porta (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!), algo que nunca tinha feito na minha vida, mas tudo bem. Ela ainda me consolou, dizendo que não tinha problema, que o prédio tinha segurança, código para entrar etc., mas pelamor né. Aí eu aproveitei e falei dos insetos, e ela me sugeriu que eu tirasse uma foto do bicho e fosse até uma loja que tem aqui pertinho chamada BHV, uma loja de departamentos que tem absolutamente tudo, uns seis ou sete andares que vão de canos, máquinas de lavar e chuveiros a roupas, sapatos, sabão, vassouras e... inseticidas. Ela fica ao lado do Hôtel de Ville, e se chamava inclusive Bazar de L'Hôtel de Ville. Nesta loja, ela disse que eu poderia perguntar a algum vendedor e eles me indicariam um produto para matar este inseto em particular.

Então eu assim o fiz. Tirei uma foto do bicho, fui até a sessão de droguerie da BHV (não, não é a mesma coisa que a nossa "drogaria", é uma sessão de inseticidas, sabão e detergente), onde eu mostrei a foto para um vendedor e ele me disse que aquilo era um poisson d'argent. Não, eu não vou colocar foto dele aqui porque é nojento, mas no Brasil é conhecido como traça ou peixinho-de-prata. Só de ouvir o nome dele me dá coisas. Aí ele me indicou um produto chamado Bio Kill que custa 16,50 euros, e me mandou espirrá-lo nos cantos do apartamento. Cheguei em casa e não sei como não morri eu própria com o troço, porque devo ter colocado um litro de produto pela casa.

A arma.
O resultado é que logo em seguida, os bichos começaram a aparecer mortos e com o tempo diminuíram. Hoje ainda aparece um ou outro, mas é raro.

A lição do dia é: em Paris também tem insetos.

A Refeição de Cada Dia: A Picard e o Monoprix


Todo mundo sabe que Paris é famosa pelos seus restaurantes e cafés, pelas suas boulangeries e pâtisseries. Na verdade, pela sua gastronomia em geral. Mas e o Lado B? As outras formas de obter as refeições de cada dia na Cidade Luz? É aí que entram o supermercado e a loja de congelados.

Cena do filme Ratatouille, da Disney, um dos meus favoritos. "Qualquer um pode cozinhar."
A Picard Surgelés é uma loja que só vende comida congelada, e tem um monte de filiais pela França toda. Eles são perfeitos. Você pode encontrar refeições prontas para uma ou mais pessoas que vão ao microondas ou ao forno elétrico, e acreditem, são uma delícia! Tem para todos os gostos, pratos variados com carnes, vegetais, peixes, massas, e uma sessão de comida de outros países. Tem sobremesas, incluindo sorvetes (Haagen-Dazs e tudo), bebidas e também ingredientes avulsos congelados, como carnes e peixes para serem cozidos em casa, vegetais cortados (batatas para fritar!), sopas, purês, comida para bebês, pizzas, e por aí vai. Tem de tudo, e tudo muito bom e barato.

Os pratos prontos para uma pessoa chamados "formule express" custam 2 euros e eu adoro. Tem um gnocchi com espinafre e queijo de cabra que é sensacional, assim como a lasanha de espinafre e queijo de cabra que me dá água na boca só de lembrar. Tem um mini-farfalle ao molho de três queijos que também é dos deuses. Os pratos mais complexos ou com ingredientes mais caros, como camarão, custam um pouco mais, mas você encontra refeições completas de todos os tipos custando de 2 a 4 euros, e boas de verdade. Com 20 euros, é possível comprar almoço e jantar para uns 4 dias ou mais, dependendo dos pratos que você pegar.

O vazio de não ser turista em Paris...


Inaugurando as reflexões filosóficas do blog, resolvi falar hoje sobre uma coisa na qual eu não pensava antes de vir morar aqui, um sentimento que nem passava pela minha cabeça quando eu sonhava com a vida em Paris: o vazio de não ser turista e tampouco moradora da cidade. Mas como assim não ser turista e nem moradora?

Em 2011, eu vim como turista. Eu tinha um propósito, que era conhecer o maior número de pontos turísticos possíveis. Ir à Torre Eiffel, ao Arco do Triunfo, ao Louvre, ao Musée D'Orsay, à Catedral de Notre-Dame, passear de barco no rio Senna, ufa! Os dias mal davam para fazer tudo, e eu não tinha tempo nem para pensar ou para questionar qualquer coisa.

Eu na Disneyland Paris em 2011, realizando meu sonho. Mais turista impossível.
Agora, tudo é diferente. Eu não sou turista, e não estou sob a pressão de conhecer tudo e tirar mil fotos nos poucos dias que vou ficar na cidade. Agora eu vim morar aqui, vim estudar, trabalhar, montar uma vida em Paris. Aí nas primeiras semanas o que aconteceu foi que eu senti um vazio imenso! Eu não me sentia turista, eu não tinha vontade de ficar correndo de um lado para o outro nos pontos turísticos, não estava louca para ir à Torre ou passear pela Champs-Elysées. Por outro lado, também não me sentia moradora ainda, pois não tinha começado a faculdade, não tinha emprego, nenhum compromisso, não tinha... nada pra fazer.

A verdade é que quando você chega aqui sem ser turista, a cidade aparece de outra forma. Eu cheguei e só me preocupava com a parte prática do dia a dia, eu precisava descobrir os supermercados, me adaptar à Picard (os congelados que vem à seguir), descobrir a lavanderia, abrir a conta no banco, fazer a matrícula na faculdade, fazer o procedimento do OFII (escritório de imigração), que envolvia os Correios daqui, chamados La Poste, e por aí vai. Mas eu não ia fazer tudo isso ao mesmo tempo e no mesmo dia, então eu fazia uma ou duas dessas coisas por dia, que acabavam muito rápido, e eu simplesmente não sabia mais o que fazer comigo mesma no resto do dia. (sugestão: continuem lendo o post com a música do White Stripes como trilha sonora desta reflexão.)




Chegando em Paris: O 1º dia


Dia 1º de setembro, eu desembarquei no aeroporto Charles de Gaulle, às 15:50. E finalmente, eu estava em Paris, depois de tanta preparação e burocracia. E como foi a chegada? O que fazer primeiro quando você está chegando para morar em outro país?

O chip de celular. Bom, primeira coisa era comprar um chip de celular francês, pois eu tinha marcado de encontrar a representante da dona do apartamento às 18h em frente ao prédio, e ela tinha me pedido para enviar um sms avisando quando eu já estivesse no RER do aeroporto para o centro de Paris. Ok. Só que eu tive que pesquisar loucamente antes para descobrir se era possível comprar um chip e já sair falando na hora, já que a Oi, minha bênção de operadora no Brasil, não teve competência sequer para ativar um roaming internacional com mais de dez dias de antecedência da viagem (e a atendente ainda disse: "ah, mas mesmo que o roaming seja ativado a tempo, não é garantia que você vai conseguir rede lá..." Affz!). Depois de muito pesquisar, eu decidi comprar um chip pré-pago da operadora Orange, a maior operadora de telefonia da França, já que eles prometiam uma ativação do chip imediata e algumas vantagens. Aí peguei a mala (graças aos deuses ela chegou bem) e fui até a Relay, uma loja meio que de conveniência, que tem revistas, livros, recargas de celular, chips, coisas de tabacaria, enfim, e pedi ao moço une carte SIM prépayée que eu pudesse usar NAQUELE MOMENTO, e ele me apareceu com um chip da SFR, uma outra operadora também muito grande aqui, e que eu não conhecia. Não era bem o que eu queria, mas tudo bem. Botei o chip no celular, e olha que deu um trabalho danado para abrir a tampa, e liguei para o número que indicavam as instruções. Ligando para este número seu chip está ativado e você recebe na hora um sms com o número do seu telefone. Para a minha alegria, tudo funcionou perfeitamente, e eu agora tinha um número de celular francês com uma carga de 5 euros para ligações, sms e acho que até internet, se não me engano.

A Relay do Charles de Gaulle não é grande assim. Foto: Dênis e Samira Soares. 

Voando para Paris... de TAP? KLM? Air France?


Qual é a melhor companhia aérea para se viajar a Paris? 

Quem acompanha mais ou menos as flutuações de câmbio do euro e do dólar sabe que nos últimos meses o troço disparou e não desce mais. Hoje, 20/09, o dólar comercial aparece aqui no site do UOL Economia cotado a R$2,37 e o euro comercial a R$3,04. E daí? Daí que na hora de comprar a passagem de avião você vai gastar muito mais dinheiro do que quem viajou em 2011 (como eu) quando o dólar estava a... sei lá, R$1,50? E não podemos esquecer que os preços das passagens são em dólar, logo, quanto mais caro o dólar, mais cara a passagem.

Ok. Alguns meses atrás, eu comecei a pesquisar os vôos para Paris saindo do Rio de Janeiro no dia 31 de agosto. Sim, porque eu gosto de comprar com certa antecedência. Aquele medo de ficar mais perto e os preços subirem, coisa que o Rafael, meu agente da CI, me falou da outra vez. Enfim, desta vez eu ia por conta própria, sem intermédio de agência de turismo ou intercâmbio, e surgiu a dúvida: eu vou com qual empresa?

As principais companhias aéreas que fazem o trajeto Rio-Paris (geralmente saem de São Paulo também, Belo Horizonte, entre outras) são: Air France, KLM, TAP e Alitalia. Sei que há outras além destas que também fazem, mas vou concentrar o post nestas quatro. Destas, a Air France é a única que faz o vôo direto, sem conexões. De cara, já digo logo, minha preferida é a TAP, mas desta vez eu fui de KLM por questões de preço mesmo. Na época em que pesquisei, as passagens estavam todas com o preço acima de R$3.000,00, o que me deu uma dor no coração, pois nas outras viagens que fiz à Europa paguei no máximo R$2.200,00. Vamos às minhas impressões de cada uma das empresas para que eu possa explicar por que escolhi a KLM e por que eu NÃO gostei dela.

Lembrete: Falarei apenas da classe econômica, ok? Sem luxos. 

Alugando Apartamento em Paris


Só de pensar na frase do título do post já me dava um frio na espinha. O temido aluguel de apartamento em Paris. Mas a hora de fazê-lo chegou e não teve jeito, já que para dar entrada no visto era preciso apresentar comprovante de alojamento pelos primeiros três meses na cidade.

Já fazia quase um ano que eu vinha de olho nos sites de aluguel, pesquisando, pesquisando e pesquisando, mas tudo que eu lia sobre esta experiência na internet era desesperador. Diziam que era MUITO difícil alugar aqui, que tudo era muito caro, a demanda era grande e a oferta escassa, que os proprietários pediam fiador francês que estivesse na França há no mínimo dois anos e que ganhasse três vezes o valor do aluguel e até que não gostavam de alugar para brasileiros. Tudo isso é verdade, gente, não vou dizer que não é, mas...

Eu não passei por nada disso e consegui alugar o meu sem grandes problemas. Vamos ao que aconteceu realmente quando eu comecei o processo?
Imagem: Foto tirada da porta do meu prédio. Place (e Fontaine) des Innocents no quartier Les Halles.

A Saga do Visto Francês Parte 2


Previously, em A Saga do Visto Francês...

Estava eu indo para um rendez-vous no consulado da França no Rio de Janeiro com uma pasta imensa cheia de documentos dar entrada no visto de estudante long séjour. Como tinha o lance de comprovar os recursos financeiros, eu estava super nervosa.

Assim que cheguei ao 8º andar do prédio, onde fica o consulado em si, tinha um moço que trabalha lá e que entra e sai por uma porta o tempo todo perguntando o que cada um veio fazer ali e entregando os vistos. Eu disse que tinha um horário e ele respondeu que eu podia sentar e esperar que já iam me chamar.

Poucos minutos depois, a moça que trabalha lá dentro e que fica sentada atrás de um vidro por onde você entrega tudo me chamou e eu fui. Entreguei os documentos e as cópias e ela examinou tudo atentamente, fazendo caras e bocas assustadoras. Meu coração estava a mil, até que ela implicou com o dinheiro na conta da minha mãe. Aquela idiotice que eu tinha feito de juntar tudo que a gente tinha na conta dela, para a mulher do consulado, podia significar que eu tinha pego um empréstimo, que aquele dinheiro não era meu, e que eu ia devolver para a pessoa no dia seguinte. Então ela pediu que eu levasse extratos das contas de onde tinha saído aquele dinheiro para comprovar que eu já o tinha. An honest mistake da minha parte. De resto, eu paguei uma taxinha de 50 euros em dinheiro (mas em reais, claro), tirei uma foto que hoje está no meu visto e que é medonha e a mulher fez o registro das minhas digitais. Aí eu pergunto: se você vai tirar foto lá, pra que você precisa levar uma 3x4 de casa? Enfim... a França e suas burocracias.

Eu no Louvre em 2011 só para ilustrar o post.

A Saga do Visto Francês Parte 1


A etapa mais difícil do processo de candidatura e preparação para mim foi a do visto. Foram meses, sim, meses, de espera e muito sofrimento. No fim, deu certo, mas foi o que mais me fez duvidar de que conseguiria alcançar o sonho de estudar na França. Por quê? Vou contar.

No dia 14 de abril, dois dias depois do meu aniversário, havia uma mensagem da Paris 7 na minha caixa de mensagem do Campus France. Ela dizia que eu havia sido aprovada para o Master Psychologie parcours (é tipo a especialidade) psychanalyse et champs social. Era exatamente a que eu mais queria, a opção número 1, dois meses antes do que normalmente é esperado, que é junho, e sem eu ter enviado o TCF ainda. Acho que foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. 

A Paris-Diderot, embora este não seja o meu prédio. Imagem: Micefa.org
Depois de ter digerido a informação, contado para a minha mãe, para a professora de francês, para a analista e coisa e tal, chegava o momento de dar entrada no visto. O temido visto de estudante. E lá fui eu. Primeiro fui ao site do Consulado Francês no Rio de Janeiro, que fica na Maison de France, no Centro. No site tem até bem explicado tudo que você precisa para todas as categorias de visto e todo o procedimento. O meu era o visto para estudante de mais de seis meses, ou seja, o visto de long séjour. Analisemos juntos a *pequena* lista de documentos exigidos, segundo o site do consulado:

A Entrevista Campus France


ATUALIZAÇÃO 27/11/2015Recentemente, eu vi na página do Campus France que as candidaturas às formações em universidades francesas (Licence, Master etc.) serão feitas em uma nova plataforma a partir deste ano (para o ano letivo 2016/2017), chamada Études en France. Não entrei na plataforma, mas pelo que vi, ela me parece estar mais simples e mais intuitiva. 

Você pode encontrar as novas orientações aqui, nesta página do próprio Campus France. Desta vez, eles fizeram uma página mais simples e não um Guia de Orientação como nos outros anos. O procedimento continua o mesmo, isto é, preencher o formulário, registrar as candidaturas para as universidades escolhidas, pagar a taxa, fazer o teste de francês e a entrevista, mas a plataforma Campus France, onde tudo isso é feito, foi modernizada. O que pude pegar da nova página de orientações é que o formulário também continua muito parecido com o antigo, então as orientações que dei aqui no blog ainda são válidas. Para não haver confusão, estou atualizando todos os posts sobre o procedimento Campus France com uma observação, pois nem tudo pode estar mais exatamente como descrevi.

Aí você já preencheu o formulário Campus France, já anexou o documentos e suas traduções juramentadas, validou o formulário, fez o TCF e pagou aquela doce taxa de 335 reais. Hora de quê? Agendar sua entrevista. Você segue as instruções do Campus France e um diretor ou diretora de uma unidade da Aliança Francesa razoavelmente próxima de você te envia um e-mail tipo na sexta à noite marcando uma entrevista para segunda de manhã. Comigo foi isso que aconteceu. E eu tinha pedido no e-mail para que não agendassem na segunda e nem na sexta por conta do meu trabalho, e agendaram obviamente para segunda. Deve ter sido um teste para saberem o quanto aquela candidatura era importante para mim. Mas eu fui. Ha!

A realidade sobre esta entrevista é a seguinte: ela é a entrevista pré-consular disfarçada. No Campus France dizem que faz parte do procedimento de candidatura e que depois dela seu dossiê fica visível para as universidades francesas. Tudo bem, mas podemos ver logo em seguida que quem realizou o procedimento Campus France fica dispensado da entrevista pré-consular quando dá entrada em seu visto. Quédizê.

E não é só por isso. As perguntas que a diretora ou diretor faz tem muita cara de consulado. No meu caso, foi a diretora da unidade Recreio. A entrevista estava marcada para as 11:30, mas eu cheguei 11:20 (graças à eficácia e rapidez do BRT) e ela já me atendeu de cara. Foi uma conversa de mais ou menos 20 minutos, mas para mim pareceram cinco, porque foi muito rápido.

Eu cheguei super tensa, com a chavinha do francês ligada no cérebro, sabendo que a entrevista seria em francês, e no começo a diretora só falou em português mesmo. Ela me pediu para ver os documentos que apresentei na candidatura, me pediu meus dados, e enfim começou a falar francês. Tudo muito descontraído, ela me tratando super bem, e eu pensando: ela vai querer baixar minha guarda e me pegar em algum descuido. Não, não cheguei a pensar isso, pelo menos não na hora. Aí ela foi me perguntando mais ou menos o que estava no formulário, por que escolher a França, o que vou estudar, quais os meus planos profissionais etc. Muito discretamente vieram algumas perguntas sobre quais seriam os meus meios de sobrevivência na França, onde eu ia morar, essas coisas. Bem a cara de consulado. E assim, rápido e indolor, terminou. 20 minutos, no máximo.

Por que a França e não outro lugar? Foto tirada por mim em 2011.

A minha grande dica para a candidatura como um todo é: você está indo para a França estudar. Não exalte demais nos seus textos de motivação e nem na entrevista o quanto a França é linda e maravilhosa, o quanto você quer conhecer gente nova e coisas do tipo. Isso deve ser mencionado, com certeza, mas é preciso colocar em primeiro lugar suas razões acadêmicas para escolher o país. Como essa formação vai influenciar nos seus planos profissionais, porque a França e não outro lugar. E é preciso manter a coerência também, tomar cuidado para não se contradizer, e sempre aparentar estar (ou estar mesmo) seguro da sua decisão e nas suas respostas. Acho que isso faz toda diferença.

Enfim, o processo é esse. Terminada essa odisseia, começa outra. O visto. Voltamos com ele após o break.

O francês e o TCF-TP


O francês

Quando eu decidi investir nessa coisa de ir fazer mestrado em Paris, meu francês não era grande coisa. Eu tive certeza disso quando fui à Paris em 2011, após um ano de curso de francês na Wizard, e não sabia falar nada nem entendia nada que me falavam. Um ano depois, eu saí do curso ainda sem saber quase nada. Então resolvi procurar outro curso de francês.

Que opções eu tinha? Da Wizard eu confesso que não gostei nem um pouco. Aqui onde moro tem um curso chamado Bonafides que oferece o de francês, e o preço é ótimo, mas... não fechou turma. Eu vinha fugindo da Aliança Francesa, a opção mais óbvia, por ser um curso muito demorado (6 anos!) e muito caro, mas acabei indo à filial do meu bairro, para constatar o que eu já sabia: eu não tinha tempo nem dinheiro para bancar um curso na Aliança. Fora os que citei, é muito difícil encontrar cursos de idiomas que ofereçam o francês. E eu tinha um ano para aprender, pois no início de 2014 eu teria que fazer o tal TCF-TP (Test de Connaissance du Français - Tout Public), o exame de proficiência em francês aplicado por quem? Aliança Francesa, claro.
Imagem: Midia Cards
O que me sobrou foi procurar um professor particular. Novamente tive sorte, pois a mesma menina que me passou todas as manhas do processo de candidatura também trabalha como professora particular de francês. Liguei para ela, marcamos uma aula, acertamos um preço e comecei a fazer uma aula de duas horas por semana. Parece pouco, mas deu certo.

Ela me explicou que a gramática francesa não é tão extensa, e o que leva mais tempo é o domínio do vocabulário. Eu estudei por um ano, até chegar a hora de me inscrever para o TCF-TP e começar a me preparar realmente para ele. Procurar uma professora particular de francês foi a melhor coisa que eu fiz. Posso não ter tido tempo para dominar muito vocabulário, ou para chegar àquela fluência quase francesa, mas eu aprendi francês, muito mais do que em dois anos de curso. E foi suficiente para conseguir tirar um C1 (nível avançado) no TCF. Então vamos a ele.

O TCF

O TCF é aplicado nas Alianças Francesas do Brasil todo e tem seis sessões ao ano, em janeiro, fevereiro, março, abril e as outras duas não lembro, porque essas quatro eram as que importavam para a candidatura no Campus France, mas tem tudo  bem explicado no site da Aliança. Só é preciso estar atento ao calendário de inscrições porque elas se dão bem antes do exame em si. Eu fiz o meu na sessão de março de 2014 e me inscrevi em novembro, se não me engano.

A prova é dividida em: compreensão oral, gramática e compreensão escrita, sendo estas as provas obrigatórias; expressão oral e expressão escrita, provas facultativas. Você só precisa ir à unidade da Aliança que aplica o teste no seu estado no período das inscrições, pagar a taxa (no meu caso foram as três obrigatórias, e paguei 360 reais) e se inscrever. Eu me inscrevi na Aliança de Ipanema.

Ok. Feito isso, hora de se preparar. Além de estudar muito, é claro, uma boa é o site da TV5Monde, o canal francófono que tem uma ótima programação muito voltada para estrangeiros. Neste site você encontra simulados com questões de várias sessões do TCF, e ali você pode ter uma ideia de como o exame realmente funciona. Estes simulados, que me foram passados pela minha professora, salvaram a minha vida com o TCF. Outra opção é o site da rádio francesa RFI que também tem bons simulados. A Aliança também oferece cursos preparatórios, mas não cheguei a ver nada sobre eles.

Imagem: meu próprio resultado do TCF
Qual o maior problema deste exame? O tempo. Você NÃO tem tempo para fazer as questões. São 80 questões nas provas obrigatórias e você tem 25 minutos para a compreensão oral, 20 minutos para a gramática e 35 minutos para a compreensão escrita. Na hora da prova você se apavora, não consegue raciocinar, o relógio está correndo e todo mundo à sua volta parece estar fazendo tudo muito melhor e muito mais rápido do que você. A compreensão oral é cruel. O aplicador põe um cd com as questões e você ouve apenas uma vez, nas questões mais avançadas são diálogos enormes, complicados, trechos de matérias de TV ou de entrevistas de rádio e a voz te manda responder a pergunta. Você olha para as opções imensas de resposta e nem terminou de ler tudo e a voz já passa para a próxima questão.

Enfim, depois que eu sobrevivi à prova em si, me disseram que em 20 a 30 dias eu receberia um e-mail avisando que o resultado estava disponível na filial da Aliança onde eu fiz a prova. Aham. Passaram-se quase 60 dias até que eu recebi o tal e-mail. E não adianta ligar, nem perguntar, nem encher, porque o pessoal da Aliança não sabe nada, eles só aplicam a prova, enviam para o órgão responsável na França, depois recebem os resultados e os entregam à quem fez a prova. A coisa boa nisso tudo é que eu tirei, no fim das contas, um C1 (eles classificam em níveis, A1 e A2 são os mais básicos, B1 e B2 são os intermediários, e C1 e C2 os avançados) mas recebi um atestado de nível que não me serviu para nada já que fui aceita na Paris 7 antes de anexar o resultado do TCF ao meu dossiê, o que me disseram no CF ser extremamente incomum. Ok.

No próximo post falo sobre a entrevista.

Bye!

Tradução juramentada. O quê??

Quando me falaram pela primeira vez que eu teria que anexar as traduções juramentadas do meu diploma e histórico escolar ao formulário de candidatura eu parei no tradutor juramentado. O que diabos era isso? Aí eu descobri que são tradutores públicos, que tem um registro na Junta Comercial do seu estado. Veja esta bela definição da Wikipédia:

"A tradução pública, comumente conhecida como tradução juramentada no Brasil, é a tradução feita por um tradutor público, também chamado de tradutor juramentado. O Tradutor Público e Intérprete Comercial - nome correto do ofício - habilitado em um ou mais idiomas estrangeiros e português, é nomeado e matriculado na junta comercial do seu estado de residência após aprovação em concurso público"

Como eu escolho um tradutor? Uni-duni-tê. Eu fui ao site da JUCERJA - Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro e peguei a lista dos tradutores de português-francês. Fui por eliminação, local mais fácil para eu chegar, registro atualizado, até chegar em um que me agradou. Mas tudo às cegas. Eu estava preocupada depois do que minha amiga havia me dito sobre a tradutora dela, que tinha cometido vários erros e coisa e tal. Aí eu liguei para ele, telefone que estava no cadastro, falei o que precisava e ele disse que faria. Eu que sempre fui medrosinha com telefone, ainda mais com estranhos, tive que engolir a vergonha e ir com a cara e a coragem. Ele me pediu para enviar por e-mail os documentos escaneados, o que eu fiz, e ele disse que faria em um dia. E me deu o orçamento: 510 reais. Ui.

Na verdade eles tem uma tabela de preços, né, e não é barato. No site da Junta Comercial tem para consulta. No meu caso foram três páginas de histórico e duas declarações (mas geralmente será um diploma ou apenas uma declaração). E deu tudo isso, então vá preparado.
Imagem: tradutor público inglês
Dois dias depois eu fui lá em Copacabana encontrar o tradutor na casa dele para pegar a tradução. Para minha surpresa, tudo correu absurdamente bem. Eu dei a sorte de encontrar um tradutor realmente excelente, que fez tudo bonitinho e não cometeu nenhum erro de tradução, pelo menos nenhum gritante como traduzir Bacharelado como Baccalauréaut, coisa que a tradutora da minha amiga fez. A tradução vem um papel timbrado com nome e registro do tradutor, carimbo e rubrica, e ele ainda carimba o original para que haja prova de que foi daquele original que ele traduziu.

Foi sorte, mas neste caso, se você não conhece nenhum tradutor público, não tem jeito, uni-duni-tê e rezar para dar certo.

Até! :) 

PS: Sei que existem também umas empresas especializadas em tradução juramentada, mas o que eles fazem é pegar os documentos e entregar a um dos tradutores daquela lista da Junta Comercial. Não acho muita vantagem, você continua sem saber para quem vai (a tradutora ruim da minha amiga foi através de agência) e pode acabar pagando mais por causa da comissão da empresa.



O procedimento Campus France

Como eu disse no último post, hoje falaremos sobre esta bênção nas nossas vidas que é o procedimento Campus France, obrigatório para quase todo mundo que vai fazer algum tipo de formação acadêmica na França.

ATUALIZAÇÃO 27/11/2015Recentemente, eu vi na página do Campus France que as candidaturas às formações em universidades francesas (Licence, Master etc.) serão feitas em uma nova plataforma a partir deste ano (para o ano letivo 2016/2017), chamada Études en France. Não entrei na plataforma, mas pelo que vi, ela me parece estar mais simples e mais intuitiva. 

Você pode encontrar as novas orientações aqui, nesta página do próprio Campus France. Desta vez, eles fizeram uma página mais simples e não um Guia de Orientação como nos outros anos. O procedimento continua o mesmo, isto é, preencher o formulário, registrar as candidaturas para as universidades escolhidas, pagar a taxa, fazer o teste de francês e a entrevista, mas a plataforma Campus France, onde tudo isso é feito, foi modernizada. O que pude pegar da nova página de orientações é que o formulário também continua muito parecido com o antigo, então as orientações que dei aqui no blog ainda são válidas. Para não haver confusão, estou atualizando todos os posts sobre o procedimento Campus France com uma observação, pois nem tudo pode estar mais exatamente como descrevi. 

Então vamos lá. Primeiro vá ao site da CF no Brasil e leia o Guia de Orientação para candidaturas ao Licence e Master franceses. Este do link é o que eu usei na minha candidatura, para o ano 2014-2015, mas eles fazem um novo todo ano. É essencial ler este guia e segui-lo obsessivamente passo a passo.

Aí você cria o seu espaço pessoal Campus France, com login e senha, e cria o seu Dossiê eletrônico, onde basicamente vai ficar toda a sua candidatura.

Chega então a hora de começar a bendita, e você começa preenchendo o formulário Campus France. Eu, afobada como sou, comecei o meu assim que as inscrições para o ano letivo 2014-2015 começaram, em novembro de 2013. Fique atento, pois elas normalmente se iniciam em novembro ou dezembro do ano anterior e vão até o final de março do ano em que você começará a estudar.

Foto tirada por mim em 2011 da fachada chique da Sorbonne.
O formulário - Seguindo as instruções do Guia de Orientação não tem erro. Você vai inserir informações sobre sua formação acadêmica (lembre-se de colocar "Licence" para descrever seu diploma da faculdade caso tenha somente a graduação), seus conhecimentos de francês e inglês, eventuais estadias na França e... as motivações. Tem que anexar seu currículo e escrever três textos: seu projeto de estudos (não é um projeto realmente como aqueles que entregamos nas faculdades daqui para candidaturas à mestrado e doutorado, é um texto corrido); seu projeto profissional e como os estudos na França vão te ajudar no seu objetivo profissional; por que escolher a França. Feito isso, passamos à:

Anexando as justificativas ao formulário - Momento de pegar seu diploma (eles aceitam declaração, comigo foi assim, já que meu diploma demorou 9 meses pra ficar pronto) e histórico escolar (da faculdade, claro), procurar um tradutor juramentado, que é um tradutor público, pedir a tradução, depois escanear tudo e anexar ao formulário. Já já vou falar sobre o tal tradutor juramentado. Aí pode validar o formulário, tudo obsessivamente como diz no Guia.

Dica: no formulário há o espaço para você anexar sua foto. Não anexe, é muito trash e não é obrigatório.

Registro das suas candidaturas - No próprio dossiê online, registre as candidaturas nas faculdades pretendidas (pode tentar até 15 candidaturas!) na França e faça um texto de motivação para cada faculdade/candidatura. Capriche.

Envio dos documentos ao escritório Campus France em SP** - Você vai tirar xerox de todos os documentos que anexou no formulário, mais a cópia do seu passaporte (não esqueça que ele tem que estar válido por pelo menos seis meses após o seu período de retorno da França, então não deixe para renovar em cima da hora. O meu foi tranquilo, agendei na Polícia Federal para dois meses depois, fui lá, tirei uma foto horrível com o cabelo pra trás do ombro, e uma semana depois estava pronto) e uma cartinha de apresentação bizarra cujo modelo está no Guia.
**OBS: Na nova versão do procedimento de candidatura, adotada em 2015, esta fase do envio de documentos ao escritório do Campus France não existe mais. 

Pagamento da taxa Campus France - 335 reais. Facada.

TCF - TP. Test de Connaissance du français - tout public. Nesse meio aí você terá que se inscrever nesta prova, também na Aliança Francesa. O Guia dá o calendário das inscrições e das provas. A prova é pura tensão, mas dá pra sobreviver. Recebido o resultado, envie para o CF por e-mail. Vou fazer um post depois falando sobre a prova e a preparação.

Entrevista - Hora de agendar uma entrevista com um(a) diretor(a) de uma unidade da Aliança Francesa. A entrevista será em francês e terá uma duração de 20 minutos. Também vou falar da minha já já. Essa parte é muito rápida, eles te chamam uns dois dias após o pedido para agendar a entrevista e já agendam para o próximo dia útil, geralmente numa unidade relativamente perto da sua residência, mas não necessariamente a mais próxima.

Lembrando que: se você está se candidatando para uma formação de Licence na França, ou seja, até o 3º ano de Ensino Superior, algumas coisinhas mudam, como o TCF que será o DAP. Mais uma vez, recorra ao Santo Guia, ele explica tudo.

E é isso, só esperar. No mais, qualquer dúvida não hesitem em contatar a equipe do CF pela caixa de mensagens do dossiê. Rápido e prático, eles respondem em minutos ou horas.

Voltamos após o bipe. :D

O sistema de ensino na França

Antes de falar sobre o procedimento Campus France,que tinha prometido como o post seguinte, pensei em falar sobre algo que também é super importante, então aí vai:

Você conhece o sistema de ensino na França? Pois tenha em mente que ele é bem diferente do brasileiro, e isso faz toda diferença na hora de se candidatar. Eu tive a sorte de ter alguém para me explicar como tudo funcionava, senão ia ser difícil. Eles tem o Lycée, que é como o nosso Ensino Médio, e depois o BAC (Baccalauréat), que é parecido com o nosso antigo vestibular. Não confunda com o Bacharelado, o BAC é só uma prova que dá acesso às universidades francesas. Aí vem o Licence, que aí sim é parecido com o nosso Bacharelado, e são 3 anos de estudos. Depois eu confesso que não sei como funciona para as outras áreas, mas para a Psicologia, especificamente na UFRJ, o Licence é um ano a menos do que o Bacharelado. Aí depois eles tem o Master, que são 2 anos. O Master 1 é um ano mais genérico, de estudos gerais da área, e tem o Master 2 Professionnel, que dará ao estudante de psicologia francês o título de psicólogo, permitindo que ele pratique a profissão. Só com o Licence o estudante não é psicólogo, logo não pode praticar. O nível acadêmico que eu tenho é equivalente a este Master 2 Pro, porque sou psicóloga no Brasil.

Tem também o Master 2 Recherche, que é o que eu vim para cá para fazer e que pode ser validado no Brasil como diploma de Mestrado. Este é parecido com o nosso Mestrado mesmo, você faz uma mémoire, que é a famosa dissertação, e tem um Directeur de Recherche, o famoso orientador.

Depois o céu é o limite. Tem o Doctorat e por aí vai...

Tudo isso é assim: BAC+3 = Licence; BAC+5 = Master (Pro ou R). Se você tiver 4 ou 5 anos de estudos superiores no Brasil (BAC+4 ou BAC+5), você pode se candidatar direto para o Master 2 Recherche, o que é interessante, já que no Brasil os cursos superiores tem geralmente a duração de 4 ou 5 anos.

Agora, sim, no próximo post falaremos sobre o procedimento Campus France.

Quero estudar em Paris. Como faz?

Já fazia um tempo que o mosquito chamado Paris havia me mordido quando me dei conta de que podia de fato morar na cidade. Descobri um pouco depois, por uma amiga que estava indo fazer um mestrado lá, que estudar em Paris também era um sonho possível e, nas palavras dela, "não é difícil, mas é trabalhoso". Depois de tornar a ideia de fazer um mestrado na Cidade Luz (Juro que não é possível que a música "City of Blinding Lights", do U2, não tenha sido escrita por alguém pensando em Paris) uma obsessão que levou dois anos de preparação (não precisa levar isso tudo, é claro), eu comecei o longo e árduo processo, com ênfase no "longo" e "árduo".

Como fazer? A verdade é que pensar sobre isso e dizer "vou estudar em Paris" é bem mais fácil do que efetivamente fazer todo o caminho até lá.

A primeira coisa a saber é: para estudar na França, tem que passar pelo Campus France, um serviço ligado aos Ministérios franceses da Educação e das Relações Exteriores. É uma ponte entre os estudantes do mundo todo e as universidades francesas. Se você quer estudar francês numa escola de línguas ou se você é pós-doutorando, está dispensado do procedimento Campus France. Se quer fazer graduação, intercâmbio, Master (meu caso), doutorado, Au-pair etc, prepare-se para ver o logo com a pirâmide do Louvre em branco (ou azul) e vermelho até não aguentar mais.


ATUALIZAÇÃO 27/11/2015Recentemente, eu vi na página do Campus France que as candidaturas às formações em universidades francesas (Licence, Master etc.) serão feitas em uma nova plataforma a partir deste ano (para o ano letivo 2016/2017), chamada Études en France. Não entrei na plataforma, mas pelo que vi, ela me parece estar mais simples e mais intuitiva. 

Você pode encontrar as novas orientações aqui, nesta página do próprio Campus France. Desta vez, eles fizeram uma página mais simples e não um Guia de Orientação como nos outros anos. O procedimento continua o mesmo, isto é, preencher o formulário, registrar as candidaturas para as universidades escolhidas, pagar a taxa, fazer o teste de francês e a entrevista, mas a plataforma Campus France, onde tudo isso é feito, foi modernizada. O que pude pegar da nova página de orientações é que o formulário também continua muito parecido com o antigo, então as orientações que dei aqui no blog ainda são válidas. Para não haver confusão, estou atualizando todos os posts sobre o procedimento Campus France com uma observação, pois nem tudo pode estar mais exatamente como descrevi.

No site da Campus France tem um guia lindo, maravilhoso, pode confiar, explicando detalhadamente cada passo do processo, que é composto basicamente por:

- criação do seu espaço Campus France na base online.
- preenchimento do formulário Campus France.
- anexar os documentos sobre sua formação (diploma e histórico escolar) e suas respectivas traduções juramentadas. No próximo post vou falar sobre isso.
- após a validação do formulário online, registro de suas candidaturas às universidades francesas, também na base.
- envio de cópias dos documentos e traduções juramentadas ao escritório do Campus France em São Paulo.
- pagamento da taxa Campus France.
- entrevista em francês com o diretor(a) de uma unidade da Aliança Francesa.

(No meio dessa dança, você fará uma prova testando seus conhecimentos em francês e enviará o resultado com seu nível (A1 a C2) para o e-mail da CF. Eu fiz o TCF-TP, que é o padrão.)

Cansou? No próximo post, falarei sobre este procedimento todo passo a passo.

À bientôt!