O "job étudiant": arrumando um emprego na Cidade das Luzes


Quem é vivo sempre aparece! Depois de um longo tempo sem postar, cá estou novamente para mais uma história da vida em Paris.

Acontece que um estudante sem bolsa e sem uma condição financeira confortável precisa arrumar um emprego para ajudar nas despesas que começam a chover assim que você põe o pé no aeroporto Charles de Gaulle. Claro que os estudantes que não precisam do emprego podem querer um, já que é uma grande experiência de qualquer forma, mas no meu caso eu precisava loucamente de um trabalho o mais rápido possível. E aí, como arrumar um?
Spoiler sobre a conclusão do post
Aqui em Paris, assim como em muitos outros lugares, os estudantes trabalham principalmente como babás, ou então como vendedores, recepcionistas, garçons etc. O emprego precisa ser em tempo parcial, já que no visto está especificado que você só pode trabalhar até 60% da durée légale, que é a jornada de trabalho do francês, de 35 horas. Ou seja, você só pode trabalhar em torno de 21 horas por semana.

A Marina, minha professora de francês que também fez o Master aqui e que me deu todas as dicas, tinha me dito que em Paris os estudantes trabalham mesmo é como babá (baby-sitter [se lê "baby-sittér" na pronúncia francesa]) porque é um emprego muito fácil de encontrar, você trabalha só algumas horas por semana, o salário costuma ser bom e o trabalho, tranquilo. Eu, na contramão, não queria trabalhar de babá de jeito nenhum porque eu simplesmente não tenho muito jeito com crianças e nem muita experiência com elas. Sentia que era uma responsabilidade grande demais pra mim cuidar dos filhos de alguém sem nenhum preparo para isso. Aí eu decidi tentar outras coisas.

Comecei por jogar no Google as palavras-chave "job étudiant" e "paris" e encontrei vários sites de anúncios, mas a maioria deles para a chamada "sortie d'école", que é o trabalho de babá. Os pais trabalham, aí contratam um estudante para buscar as crianças na escola por volta de 16:30 e ficar com elas até chegarem do trabalho. Havia muito poucos anúncios para outros empregos, como garçom, hôtesse (que é tipo uma recepcionista) e vendedores, e todos pediam experiência. Aqui também tem uma coisa muito irritante que é a carta de motivação, que eles sempre exigem junto com o CV.

Aí lá fui eu, fiquei horas enrolando fazendo um currículo em que eu não tinha nenhuma experiência relevante para colocar e uma carta de motivação cujo modelo eu retirei da internet e na qual eu falava sobre meu grande desejo de trabalhar naquele local. Perdi até a conta de quantos currículos em enviei. Eu tentava sempre todos os empregos que não eram de babá e principalmente naqueles que pediam fluência na língua inglesa.

Passei também nos sites de restaurantes como McDonald's, Pizza Hut, KFC e Starbucks e me candidatei nos espaços de recrutamento destes sites. Tentei até no site do mercado Monoprix e nos da Galeries Lafayette e da loja de departamentos BHV. Não deu em absolutamente NADA. Uns até me respondiam dizendo que não tinham vagas e tal, mas no geral eu não recebia resposta nenhuma.

Alguns dos anúncios eram para dar aulas de inglês para crianças e adolescentes (isso aí eu posso fazer! hehe) e eu tentei também. Cheguei a fazer uma entrevista, mas também não deu em nada. Ouvi o "a gente te liga" e nunca mais. Nem o fato de eu ter sido professora de inglês no Brasil adiantou, eles só queriam pessoas nativas na língua inglesa. OK. Fiz também uma entrevista na BHV, sem sucesso. O desespero começou a bater quando conheci um casal de brasileiros na faculdade que me disseram que tinham encontrado empregos de babá muito facilmente e que também não tinham experiência.

Eles me falaram de um site chamado Bébé Nounou em que os estudantes colocavam anúncios e os pais liam e podiam contatá-los para uma entrevista, site de confiança e tals. Eu, no auge do desespero, coloquei um anúncio, e começaram a chover mães e pais me ligando e me perguntando se eu tinha disponibilidade em tais dias para ficar com os filhos deles. Meus amigos brasileiros tinham me dito que era assim mesmo, que por isso o site era tão bom, que era muito fácil conseguir um emprego e bem rápido através dele. Eu cheguei a ir até a casa de uma família e fiz uma entrevista com uma mãe muito simpática, mas acabou que ela só precisava de alguém em dois dias da semana e por duas horas, o que não seria vantajoso para mim do ponto de vista financeiro, e foi neste momento que minha sorte virou.
Mais spoiler
Eu conheci uma menina brasileira no Master que me falou que estava trabalhando numa perfumaria e que a gerente estava precisando de gente. Eu até hoje não acredito na minha sorte. A perfumaria é muito conhecida dos brasileiros, próxima à Opéra de Paris, a maioria dos clientes é brasileira, e os funcionários também. Seguindo os conselhos desta amiga do Master, eu fiz um currículo em português mesmo, me enchi de coragem e fui lá na perfumaria com a cara e a coragem me apresentar. Chegando lá, eu encontrei a gerente (brasileira), que foi muito simpática e me acolheu totalmente. Naquela mesma semana eu já estava trabalhando. Aliás, eu fui muito bem recebida e acolhida por todos lá. Mesmo sem experiência nenhuma com vendas ou comércio em geral, eu fui aceita e me ensinaram (e continuam ensinando) tudo que eu preciso saber. Em pouco tempo, eu aprendi muita coisa sobre perfumes, maquiagens e cremes, e sobre atendimento ao cliente, e o funcionamento de uma loja.

E eu estou adorando trabalhar com perfumes e produtos de beleza. Em geral, não é difícil para um estudante arrumar um emprego aqui, se este emprego for como babá. Outros tipos de emprego são difíceis, sim, e é preciso contar com um pouco de sorte.

Essa foi a minha saga para encontrar um emprego em Paris. Tem uma experiência parecida? Dúvidas? Só me deixar um comentário. Estou sentindo falta deles. Eu vejo sempre que tem muitas visitas no blog, mas eu queria ouvir mais de vocês que passam por aqui!

À bientôt!

7 comentários:

  1. Olá!!! Realmente seu blog é uma enciclopédia de como viver e estudar em Paris! Eu estive procurando sobre empregos para estudantes. Achei alguns que diziam sobre aulas particulares (matemática, física, etc.). Este tipo de trabalho é viável para estrangeiros? Obrigado.

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    1. Oi, Jezer, que bom que o blog está ajudando! Então, este tipo de emprego é viável, sim, tem um site chamado Superprof, no estilo do Bebe Nounou, em que você coloca um anúncio do tipo de aula que você quer dar e os alunos em potencial te procuram. Tenho uma amiga que está dando aulas particulares de português e isso tem ajudado na renda dela. Boa sorte. Abraços.

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  2. oi Vanessa, você no caso fez master recherche. Mas eu quero fazer o master 1 com alternance, aquele que junta estágio e o master (pós). Você sabe algo sobre isso? alguém que teve dificuldade? pq conheço gente que faz este tipo de master, mas não é estrangeiro. Obrigada mais uma vez.

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    1. Oi, Imperfeita.Borboleta, tudo bem? Desculpe não ter respondido seu comentário antes, não tenho tido tempo para cuidar do blog. Infelizmente, não sei nada sobre esse M1 com alternance, na verdade nunca ouvi falar, então não tenho como te ajudar com isso. Espero que você já tenha conseguido se informar. Se tiver alguma outra dúvida e eu puder ajudar, ajudo com certeza!
      Abraços!

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    2. Desculpe a intromissão. Só quero dizer q eu conheci estrangeiros que conseguiram fazer a licence en alternance. Não sei como funciona, mas talvez essa informação te anime! Boa sorte!

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  3. Vanessa, são maravilhosas essas informações que você está compartilhando com a gente! Qual o nome desta perfumaria em que você trabalhou?
    Muito obrigada!

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