Morar Sozinha: As 1001 Idas ao Supermercado


Chega uma época da vida em que todo mundo quer sair de casa e morar sozinho, ter seu apê, seu emprego, ser dono do próprio nariz. Aí um dia você resolve fazer um mestrado na França e tem a oportunidade de sentir na pele o que é morar sozinho. Eu estou passando por essa fase agora e digo uma coisa: não é nada fácil. Tem suas vantagens, é claro, que são inegáveis, e a principal delas é a tão famosa e desejada liberdade. Arrumar o apê como você quiser, comer o que quiser, limpar quando (e se) quiser, poder ir onde e quando quiser sem ter que dar explicações a ninguém ou sequer dizer aonde vai. Mas aí entra a outra questão: morar sozinho significa que você também vai ter que cuidar de todo o funcionamento de uma casa (apartamento) sozinho e isso pode virar uma grande bola de neve.

Para começar, o supermercado tem que virar seu melhor amigo. Você tem que conhecê-lo como a palma da sua mão, porque você vai ao bendito todos os dias e SEMPRE vai estar faltando alguma coisa. Tem que comprar comida (e muuuita comida), produtos de limpeza e higiene e, acredite, TODO DIA vai ter alguma coisa para comprar que você não pode deixar para o dia seguinte. Você também vai ter que carregar sozinho (e no meu caso, a pé/de metrô) as bolsas de compras, que tem o dom de ficarem mais pesadas a cada passo que você dá. E isso vai acontecer mesmo nos dias em que você ficou o dia inteiro no trabalho ou na faculdade e ainda precisa passar no supermercado, apesar de estar morto de cansado. Não falo nem dos dias em que tenho que ir duas vezes ou a dois ou três diferentes (ou Picard) porque preciso de coisas que tem em um e não no outro. E eu que sempre dizia pra minha mãe que ela ia ao mercado todo dia e não tinha necessidade disso e mimimi.

Outra coisa: comida. Ela aparecia magicamente no fogão todos os dias e eu podia cozinhar quando quisesse, porque eu adoro cozinhar, mas se não quisesse, a comida estava lá. Agora, ou eu faço/compro a comida, ou morro de fome, porque o fogão vai continuar vazio se eu nada fizer.

Limpar o apartamento todo (mesmo os pequenos) é um sofrimento. Tem que varrer, passar pano, tirar poeira, arrumar cama, limpar geladeira (!) e lavar a louça. Pode parecer moleza, mas eu só tenho a sexta-feira e o domingo de folga e eu passo uma boa parte destes dois dias fazendo a limpeza do apartamento ou então lavando a roupa, o que é uma outra questão. Ter que ir à lavanderia e esperar quase 2 horas pra lavar e secar a roupa e ainda ter peças para lavar à mão em casa (as que não podem ir na máquina) é de matar. Fora que é preciso se organizar para mais de uma lavagem, uma para as roupas de cores claras e outra para as de cores escuras.
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Problemas no apartamento acontecem. Ralos que entopem e descargas que vazam. E você está sozinho e tem que dar um jeito porque não tem ninguém que vá fazer isso pra você (sem te cobrar uns 100 euros). A descarga do meu banheiro começou a vazar e eu descobri no Google (meu outro melhor amigo) como consertá-la, e assim eu o fiz. Meu ralo do box entupiu e eu também tive que descobrir as formas de desentupi-lo, processo que foi uma grande e nojenta aventura. Não, eu não usei aqueles desentupidores, fiz o truque do bicarbonato de sódio com vinagre. Dá certo.

A verdade é que morar sozinho não é a festa que parece quando somos adolescentes. A festa com certeza faz parte, mas apesar da ideia que temos de alcançar esta "independência", é preciso ter muito mais disciplina e se lembrar muito mais do que ensinou a mamãe do que quando ainda se está na casa dos pais. Dias de folga significam dias de faxina, de fazer compras mais demoradas e de lavar roupa. Tem que pagar aluguel, pagar contas e comprar utensílios para casa. E tudo isso leva muito mais tempo que imaginamos quando não temos ninguém para dividir as tarefas.

No mais, ainda assim a experiência vale cada segundo e cada perrengue, pois todo o aprendizado que se tem nestas situações não tem preço, e no fim das contas, esta É a independência de que todos falam e você está vivendo a bendita, então aproveite! :)

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