O francês
Quando eu decidi investir nessa coisa de ir fazer mestrado em Paris, meu francês não era grande coisa. Eu tive certeza disso quando fui à Paris em 2011, após um ano de curso de francês na
Wizard, e não sabia falar nada nem entendia nada que me falavam. Um ano depois, eu saí do curso ainda sem saber quase nada. Então resolvi procurar outro curso de francês.
Que opções eu tinha? Da Wizard eu confesso que não gostei nem um pouco. Aqui onde moro tem um curso chamado
Bonafides que oferece o de francês, e o preço é ótimo, mas... não fechou turma. Eu vinha fugindo da
Aliança Francesa, a opção mais óbvia, por ser um curso muito demorado (6 anos!) e muito caro, mas acabei indo à filial do meu bairro, para constatar o que eu já sabia: eu não tinha tempo nem dinheiro para bancar um curso na Aliança. Fora os que citei, é muito difícil encontrar cursos de idiomas que ofereçam o francês. E eu tinha um ano para aprender, pois no início de 2014 eu teria que fazer o tal
TCF-TP (
Test de Connaissance du Français - Tout Public), o exame de proficiência em francês aplicado por quem? Aliança Francesa, claro.
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Imagem: Midia Cards |
O que me sobrou foi procurar um professor particular. Novamente tive sorte, pois a mesma menina que me passou todas as manhas do processo de candidatura também trabalha como professora particular de francês. Liguei para ela, marcamos uma aula, acertamos um preço e comecei a fazer uma aula de duas horas por semana. Parece pouco, mas deu certo.
Ela me explicou que a gramática francesa não é tão extensa, e o que leva mais tempo é o domínio do vocabulário. Eu estudei por um ano, até chegar a hora de me inscrever para o TCF-TP e começar a me preparar realmente para ele. Procurar uma professora particular de francês foi a melhor coisa que eu fiz. Posso não ter tido tempo para dominar muito vocabulário, ou para chegar àquela fluência quase francesa, mas eu aprendi francês, muito mais do que em dois anos de curso. E foi suficiente para conseguir tirar um
C1 (nível avançado) no TCF. Então vamos a ele.
O TCF
O TCF é aplicado nas Alianças Francesas do Brasil todo e tem seis sessões ao ano, em janeiro, fevereiro, março, abril e as outras duas não lembro, porque essas quatro eram as que importavam para a candidatura no
Campus France, mas tem tudo bem explicado no site da Aliança. Só é preciso estar atento ao calendário de inscrições porque elas se dão bem antes do exame em si. Eu fiz o meu na sessão de março de 2014 e me inscrevi em novembro, se não me engano.
A prova é dividida em:
compreensão oral,
gramática e
compreensão escrita, sendo estas as provas obrigatórias;
expressão oral e
expressão escrita, provas facultativas. Você só precisa ir à unidade da Aliança que aplica o teste no seu estado no período das inscrições, pagar a taxa (no meu caso foram as três obrigatórias, e paguei 360 reais) e se inscrever. Eu me inscrevi na Aliança de Ipanema.
Ok. Feito isso, hora de se preparar. Além de estudar muito, é claro, uma boa é o site da
TV5Monde, o canal francófono que tem uma ótima programação muito voltada para estrangeiros. Neste site você encontra simulados com questões de várias sessões do TCF, e ali você pode ter uma ideia de como o exame realmente funciona. Estes simulados, que me foram passados pela minha professora, salvaram a minha vida com o TCF. Outra opção é o site da rádio francesa
RFI que também tem bons simulados. A Aliança também oferece cursos preparatórios, mas não cheguei a ver nada sobre eles.
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Imagem: meu próprio resultado do TCF |
Qual o maior problema deste exame? O
tempo. Você
NÃO tem tempo para fazer as questões. São 80 questões nas provas obrigatórias e você tem 25 minutos para a compreensão oral, 20 minutos para a gramática e 35 minutos para a compreensão escrita. Na hora da prova você se apavora, não consegue raciocinar, o relógio está correndo e todo mundo à sua volta parece estar fazendo tudo muito melhor e muito mais rápido do que você. A compreensão oral é cruel. O aplicador põe um cd com as questões e você ouve apenas uma vez, nas questões mais avançadas são diálogos enormes, complicados, trechos de matérias de TV ou de entrevistas de rádio e a voz te manda responder a pergunta. Você olha para as opções imensas de resposta e nem terminou de ler tudo e a voz já passa para a próxima questão.
Enfim, depois que eu sobrevivi à prova em si, me disseram que em 20 a 30 dias eu receberia um e-mail avisando que o resultado estava disponível na filial da Aliança onde eu fiz a prova. Aham. Passaram-se quase 60 dias até que eu recebi o tal e-mail. E não adianta ligar, nem perguntar, nem encher, porque o pessoal da Aliança não sabe nada, eles só aplicam a prova, enviam para o órgão responsável na França, depois recebem os resultados e os entregam à quem fez a prova. A coisa boa nisso tudo é que eu tirei, no fim das contas, um C1 (eles classificam em níveis, A1 e A2 são os mais básicos, B1 e B2 são os intermediários, e C1 e C2 os avançados) mas recebi um atestado de nível que não me serviu para nada já que fui aceita na Paris 7 antes de anexar o resultado do TCF ao meu dossiê, o que me disseram no CF ser extremamente incomum. Ok.
No próximo post falo sobre a entrevista.
Bye!